Mineração perto de casa: riscos para sua segurança?

Por Casa Protegida

22 de maio de 2025

Você já notou alguma atividade de mineração perto da sua casa ou da sua cidade? Talvez seja um barulho constante ao longe, caminhões carregados cruzando a estrada ou uma cratera que cresce dia após dia. A mineração urbana ou próxima de áreas residenciais é uma realidade em expansão — e, com ela, surgem dúvidas legítimas sobre segurança, saúde e qualidade de vida.

Embora a mineração seja essencial para fornecer materiais usados em praticamente tudo o que consumimos, sua proximidade com áreas habitadas levanta questões importantes. Afinal, o impacto não é só ambiental — pode afetar o solo, o ar, a água e, claro, o bem-estar da população local.

Quem entende do assunto, como quem faz o técnico em Mineração, sabe que é possível operar com responsabilidade e dentro da lei. Mas também sabe que nem sempre isso acontece, e que comunidades próximas às minas precisam estar bem informadas sobre seus direitos e riscos.

Nos tópicos a seguir, vamos falar abertamente sobre os principais riscos da mineração próxima a áreas residenciais. O que é permitido, o que deve ser fiscalizado e o que fazer caso você desconfie que algo está fora do controle. Informação, nesse caso, é também uma forma de proteção.

 

Impactos estruturais: rachaduras e instabilidade do solo

Um dos primeiros sinais de que a mineração pode estar afetando casas próximas são as rachaduras em paredes, pisos ou muros. Isso pode acontecer devido às vibrações causadas por explosivos, uso de máquinas pesadas ou rebaixamento do lençol freático.

Quando o solo perde estabilidade, pequenas movimentações subterrâneas podem gerar efeitos visíveis na superfície. E não é exagero: já houve casos de afundamento de terrenos inteiros em áreas com exploração descontrolada.

Esses danos, além de estruturais, afetam o valor dos imóveis e podem colocar em risco a segurança dos moradores. Em alguns casos, é necessário evacuar a área para evitar acidentes maiores.

O monitoramento geotécnico deve ser constante em áreas sensíveis, e qualquer sinal de instabilidade precisa ser investigado imediatamente por autoridades competentes.

 

Poeira, ruído e qualidade do ar

Outro impacto comum da mineração perto de áreas residenciais é a emissão de poeira e partículas no ar. A movimentação de caminhões, a britagem de pedras e o transporte de materiais podem liberar grandes quantidades de poeira fina, que prejudica a saúde respiratória — especialmente em crianças e idosos.

Além disso, o ruído constante das máquinas e explosões pode afetar o sono, aumentar o estresse e gerar incômodo contínuo para quem vive nas proximidades. O som não precisa ser ensurdecedor para ser prejudicial: ruídos persistentes já são suficientes para alterar a qualidade de vida.

A legislação brasileira determina limites claros para emissões atmosféricas e sonoras, e a empresa responsável pela mineração deve realizar medições periódicas para garantir o cumprimento desses padrões.

Quando isso não acontece, a comunidade tem o direito de exigir fiscalização e até entrar com ação por danos ambientais e à saúde.

 

Contaminação da água e do solo

Minas que operam perto de áreas urbanas também podem afetar recursos hídricos locais. O uso de produtos químicos no beneficiamento de minérios, vazamentos de barragens ou até mesmo o rebaixamento do lençol freático podem contaminar rios, córregos e poços artesianos.

Essa contaminação não é sempre visível — mas pode causar problemas sérios de saúde a longo prazo, como intoxicações, doenças de pele e distúrbios gastrointestinais. Além disso, prejudica plantações e afeta a fauna local.

O solo também pode ser impactado, principalmente com o acúmulo de resíduos ou infiltração de substâncias tóxicas. Isso compromete o uso agrícola da terra e até a segurança de estruturas construídas ali.

O correto é que qualquer atividade mineral tenha sistema de contenção, tratamento e monitoramento da água utilizada e descartada. Se não for assim, há risco real para toda a comunidade ao redor.

 

Riscos de barragens e acidentes graves

Em áreas onde há presença de barragens de rejeitos, o alerta precisa ser ainda maior. Rompimentos como os de Mariana e Brumadinho mostraram o impacto devastador que um acidente desse tipo pode ter — tanto ambiental quanto humano.

Bairros inteiros, escolas, comércios e hospitais podem estar dentro da zona de inundação em caso de falha estrutural. E, mesmo quando não há acidente, viver sob esse risco constante já compromete a tranquilidade e o direito à segurança da população.

Por lei, empresas com barragens devem ter plano de emergência, sirenes de alerta, rotas de fuga e comunicação direta com a população. Tudo isso precisa ser treinado e revisado com frequência.

Se a comunidade não tem acesso a essas informações ou nunca participou de simulações, é sinal de que algo está errado — e precisa ser denunciado.

 

Participação social e direito à informação

Moradores de áreas próximas a minas têm o direito de saber o que está acontecendo ao seu redor. As empresas devem apresentar relatórios ambientais, realizar audiências públicas e manter canais abertos de comunicação com a comunidade.

Infelizmente, isso nem sempre acontece na prática. Muitas vezes, a população só descobre os impactos quando eles já se tornaram problema. Por isso, é fundamental que associações de moradores, escolas e lideranças locais estejam atentas e organizadas.

A transparência é um dos pilares da mineração responsável. Quando a empresa atua de forma correta, ela compartilha planos, explica riscos e ouve a comunidade. Quando isso não existe, a pressão social e legal precisa entrar em cena.

Participar das audiências públicas, cobrar documentos e acionar órgãos ambientais são formas legítimas de proteger a segurança coletiva.

 

Como agir diante de riscos ou irregularidades

Se você mora próximo a uma área de mineração e percebe sinais de risco — rachaduras, poeira excessiva, ruído constante, alteração na água ou movimentações suspeitas — o primeiro passo é registrar tudo. Fotos, vídeos, relatos de vizinhos e datas são importantes como prova.

Em seguida, é possível acionar órgãos ambientais estaduais (como as secretarias de meio ambiente), o Ministério Público ou a Defesa Civil. Todos eles têm o dever de apurar denúncias e, se necessário, suspender atividades até que os riscos sejam controlados.

Também vale buscar apoio em universidades, ONGs ou coletivos que atuem com justiça ambiental. Muitas dessas instituições oferecem orientação gratuita ou apoio técnico para comunidades afetadas.

Lembre-se: segurança é direito. E mineração só pode acontecer com responsabilidade, controle e respeito ao entorno. Quando isso não ocorre, a voz da população é o que mais pesa para mudar o cenário.

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